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Diga

by Geyse L. Ribeiro

 

Era uma tarde de inverno. O vento atiçava as folhas nas copas das arvores, enquanto o sol se via totalmente atrás das nuvens, e por aquele momento, parecia confortável ali. 

 

Não poderia haver cenário melhor que aquele para se aconchegar por entre as cobertas nos braços de quem se ama. 

 

Mas para aqueles dois amantes, as coisas não estavam assim tão fáceis e deleitosas.

 

— Você não pode ir assim! — ele corria atrás dela, pelo corredor, apressadamente. 

 

— Tanto posso, quanto vou! — disse decidida, enquanto carregava, com pouca dificuldade uma pequena mala nos braços, ao descer a escada.

 

— Hey, está anoitecendo... Por Deus! Espere até amanhã; temos que conversar com calma. 

 

— Conversar?! — o olhou,  com um ar irônico. — Não temos nada a conversar. Nosso casamento acabou! — ela dizia, agora, já frente a porta, prestes a sair. 

 

No entanto, ele não deixaria as coisas daquela maneira. Ele a amava demais para simplesmente aceitar aquele auto fracasso. 

 

Então, ela apenas pôde vê-lo praticamente arremessá-la para a porta, colando seu corpo ao dela, impedindo-a de qualquer movimento; estava sendo abrigada a mirá-lo, aquela altura. 

 

— Diga que não me ama, e eu lhe deixo ir — permaneceu calada; e ele sabia que não o diria. — Diga que não me ama quando lhe toco... — levou uma das mãos a coxa esquerda dela, descoberta pelo shorts que usava. — Diga que não em ama quando lhe beijo... — os lábios dele tocaram, urgentes, os dela; em uma vontade urgente de sentir lhe o doce gosto dos lábios. — Diga que não me ama quando — ele levou os lábios aos pés do ouvido dela. — Sussurro aos pés do teu ouvido... Diga... Diga! Diga que não ama quando fazemos amor!

 

 

Porém, antes que ela desse por si, os lábios finos e doces dela, sôfregos, procurava abrigo em meio aos lábios dele. O contato, àquela altura, poderia ser facilmente classificado como intensas trocas de energia. Energia essa, que percorria o corpo de ambos, aquecendo-os instantaneamente.

 

E, diante a tudo aquilo, as mãos falaram por si, atônitas; percorrendo os corpos, sem destino certo ou parada; até que, tempos depois, em uma explosão de paixão, se amaram outra vez. Ali mesmo, em pé, recostados a porta da sala. De modo que, depois, não houvera forças nem, sequer, motivos para ir embora.  

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